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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não sei, não faço!

Tenho medo desta frase: - “Não faço porque não sei”!!!!

Ela representa o que há de mais covarde e cômodo na nossa vivência e experiência de vida, qualquer que seja o âmbito.

Covarde porque há um resultado a apresentar e logo outra pessoa terá que assumir a execução da tarefa e claro terá que fazer por dois e cômodo porque bloqueia aí mais uma oportunidade de agregar conhecimentos, e claro a resposta não é a mesma, pode ser melhor ou pior, mas nunca a planejada.

E isso é muito grave, tão grave quanto “Ninguém tem mais nada a me ensinar!”, “Que palestra horrível, não aprendi nada!!!”, “Fulano, me ensinar como fazer???!!! É ruim heim!!!!” e assim sucessivamente, vamos revelando mais e mais nossa limitação como seres humanos, logo racionais, e enfraquecendo ainda mais nosso meio da maneira mais estúpida possível, o da “ignorância”, o da recusa do saber, quer seja este meio familiar, social e/ou profissional, afinal a todo momento aprendemos, mesmo que seja a ter paciência.

Talvez não aprendemos por preguiça de aprender, não ensinamos por preguiça de ensinar e/ou por medo. Medo de assumir novos trabalhos, de errar, de aceitar, de renunciar, de novos desafios, medo de crescer, afinal crescer dói...

Ouvi desde pequena a seguinte frase de minha mãe: - “Pegue sua bandeira e vá a luta!!!”, ela dizia que nós (uma família de 05 filhas e 01 menino) não podíamos ter medo de errar, que era muito mais triste não tentar, e que isso dependia nossa sobrevivência... e hoje sei bem o que é isso. Diariamente convivemos com frases feitas, bonitas e bem formuladas - até eu as uso claro, principalmente quando quero impressionar, travar uma discussão e ou defender meu ponto de vista – afinal também serve prá isso, mas principalmente para que possamos refletir e aprender, uma vez que na tradução e na transformação para a realidade percebemos não ser tão simples assim, que muitas vezes afirmamos uma situação e agimos de maneira diferente.

Costumo dizer que quando nascemos, recebemos um livro – O Livro da Vida – e até certa idade nossos pais são responsáveis pelas anotações, entretanto, depois somos nós e somente nós os responsáveis por aquilo que escrevemos e/ou que permitimos que escrevam em suas páginas. Depende única e exclusivamente de nós o teor destas páginas, o que se registra, pois uma vez escrito jamais apagado, nossas alegrias, nossas tristezas, nossos sonhos, nossos dramas, frustrações, medos e assim sucessivamente. Nossa experiência de vida é um eterno aprendizado,  claro não poderia ser diferente, é baseado em nossas tentativas, nossos erros e acertos que construímos nossa caminhada e é o que apresentamos a cada dia.

Quero finalizar dizendo que não sou exemplo para ninguém estou apenas procurando me exercitar na grande escola da vida e para mais uma reflexão, um trecho do texto de Martha Medeiros - A Melhor resposta...

 “Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil. A soma dos nossos dias assinará este inventário. Fará um levantamento honesto. Cazuza já nos cutucava: suas idéias correspondem aos fatos? De novo: o que a gente diz é apenas o que a gente diz. Lá no finalzinho, a vida que construímos é que se revelará o mais eficiente detector de nossas mentiras.”

 Publicado no Blog "Os Municipais" em 03 de dezembro de 2010.

24 Anos!!!!

Parece que foi ontem.....

Era Janeiro de 1986, e São Paulo fervilhava com a novidade: O Prefeito Jânio Quadros vai criar uma nova polícia???

Será nos moldes da Guarda Municipal de Londres e com a filosofia da antiga Guarda Civil de São Paulo.

Claro que com apenas 19 anos que acabara de completar em Dezembro, eu estava como a maioria maciça dos então candidatos na mesma faixa etária, todos exultantes, ansiosos e ávidos pela novidade, obviamente sonhando com a nova realidade que estava por vir.

Era um sonho. Cada etapa conquistada – Rua Pedro de Toledo, Pedro Taques, DEMED (no Parque D.Pedro), quanta vibração, quanta alegria!!!!

Maio de 1986 - Rua Pedro de Toledo, enquanto lá estava o masculino já com as instruções avançadas, chegavam as primeiras alunas do corpo feminino, sob a supervisão da Cel. PM Jannette Ribeiro Fiuza, Pelotão A1, B1, A2 e assim se formando o corpo feminino:

Instrutor Barbosa – PELOTÃÃÃÃÃO – SENTIIIIDO!!! Sua mocoronga!!! Bizonha!!! Voadora!!!! Presta atenção!!!! Desse jeito você vai matar sua equipe, monitora!!!!!

- Corta esse cabelo Aluna! Presta atenção!!! Sentido - descansar, descansar - sentido...

“Meu Deus, isso não acaba nunca!!!! O que eu vim fazer aqui?”

E a cada dia, a cada dificuldade ultrapassada, cada etapa vencida era uma alegria....não tínhamos salário, não tínhamos uniformes, não tínhamos dinheiro e as vezes nem noção do que nos esperava, entretanto tínhamos esperança e muitos sonhos.

O Corpo Feminino e as reuniões com a Cel. Jannette para aulas de etiqueta. Sim, nós tínhamos aulas de etiqueta – como se sentar, se maquiar, andar, etc...

Logo saímos do Ibirapuera e o então Departamento de Ensino mudou para o estádio do Pacaembu e lá vamos nós, a formatura era sob o pombal, imaginem só o que acontecia com alguns pelotões....rsrsrsr, mas era uma alegria só, claro que quando acontecia o incidente a gente não podia rir.

Os primeiros pelotões do Masculino já estavam na rua trabalhando, de camiseta branca e calça jeans e como viatura para a ronda um fusca branco que pertencia a Administração Regional, depois receberam o uniforme e saiam somente com o bastão, sem armas, na posterior vieram as “armas” oriundas do Exército.

A primeira viatura oficial era um fusca “azul e amarelo”, lindo, lindo quantas ocorrências, quantos apoios, e assim sucessivamente, Kombi, motos, bikes, veraneios, Jeep, Sedans até as viaturas atuais.

Muita gente boa foi embora, ora por baixos salários, ora em busca de novos horizontes, novos concursos, muitos erros, mas com certeza muitos sucessos. Ficou a saudade, a amizade....

Primeiro dia uniformizado na rua e sem arma claro, andávamos com o peito tão estufado que parecia que íamos explodir.

Todos olhavam, aonde quer que passássemos – Metrô Penha – 07H30min, descendo a escada rolante, a plataforma cheia, todos se viram para olhar quem era aquela jovem tão elegante.

O que era?

Alguém se atreve a perguntar você é uma aeromoça?

Não, sou GUARDA CIVIL METROPOLITANA!!! – respondi orgulhosíssima com o meu uniforme impecável, saia, chapéu e bolsa, um luxo só - Que emoção!!!

Emoção dos primeiros é inenarrável, imensurável....e chegamos aos dias de hoje. Não dá prá escrever tudo, senão deixaria de ser um artigo e passaria a ser um livro.

O que ficou destes anos todos?

Muita coisa boa...

Amizades, alegrias, companheirismo, crescimento, aprendizado, sofrimento....

Sim, não é possível crescer sem sofrimento...

Ele faz parte da nossa condição humana, e os casamentos, ...feitos e/ou desfeitos....fazem parte da vida.

Acredito ainda na esperança e naquilo que faço, pois do contrário, teria que ter a hombridade de procurar outros caminhos.

Não falo mal desta Instituição, pois estaria falando de mim, uma vez que sou parte dela.

Enquanto estiver aqui farei o que for necessário, com comprometimento e hombridade,

Afinal, a vida continua e quem fica parado é poste!!!!!

Parabéns a todos nós e que Deus nos abençoe, nos proteja e derrame sobre nossa Gloriosa Guarda Civil Metropolitana bênçãos de vitória!!!!

Publicado no Blog "Os Municipais" em 15 de setembro de 2010.

O Ciclo ainda não terminou....

“Algumas coisas na vida da gente terminam, outras simplesmente param...”
Ao assistir a peça IN ON IT – com Fernando Eiras e Emílio de Mello, na última semana de agosto, esta frase ficou registrada em minha mente.

Ontem (7/set), ao aguardar o início do desfile, permanecemos sob aquela chuva intensa e gelado observando o efetivo masculino quanto feminino a frase veio novamente em minha mente. A cada pingo da chuva que caia sobre nós diminuía ainda mais nossa temperatura corpórea e os espasmos, as câimbras e o tremular com bater de dentes aumentavam, entretanto aumentava também o “brio” em cada componente que ali permanecia.

Foto: SMSU/Marcelo Ulisses

Brio!!???!!, Brio sim Senhores, segundo o dicionário Michaelis, brio significa sentimento da própria dignidade, ânimo esforçado, coragem, valentia, generosidade, galhardia e garbo. Tradução perfeita para definir o sentimento dos que ali permaneciam, aguardando.

Comecei a observar o semblante de cada companheiro, não havia revolta contra a natureza por conta da chuva não, não havia resmungos, não havia palavras desencorajadoras, ao contrário a cada aplauso do efetivo para seu próprio efetivo, cada cumprimento, cada gesto só transparecia força e orgulho.


Foto: SMSU/Marcelo Ulisses
“É na adversidade que todo seu poder se manifesta”, esta frase é bíblica sim, porém, naquele momento senti mais uma vez orgulho desta Instituição. Não sei como cada componente ali presente deixou seu lar, sua família – para minha alegria a minha filha estava comigo – sei apenas que ao entrar no início do sambódromo levamos em nosso íntimo frustrações, indecisões, decepções, mas acima de tudo sonhos realizados e por realizar, desejos e esperança de que as coisas simplesmente não parem.

Foto: SMSU/Renata J. Silva
Agradeço a Deus de um modo especial e a todos os componentes da Guarda Civil Metropolitana na pessoa do Inspetor Ferreira, que ao longo destes 24 anos me ajudaram a acreditar que a cada ciclo iniciado devemos ter a hombridade e o comprometimento para terminar.

Foto: SMSU/Renata J. Silva


Publicado no Blog "Os Municipais" em 08 de setembro de 2010